BRUNA FRACASCIO
Bruna de Indaiatuba, interior de São Paulo teve a arte presente em sua infância como forma de lidar com a dislexia e questões familiares.
Foi só depois de desencontros em carreiras mais clássicas que resolveu estudar cinema e se dedicar ao seu lado artístico. Seu trabalho se nutre da curiosidade e de lembranças da infância.
2020
DIGA A MEU PAI QUE ESTOU BEM
Diga ao Meu Pai que Estou Bem (2017) é um curta-metragem que conta o que ocorre após Ju, uma criança de nove anos com dislexia, fugir de casa por julgar ser um peso na vida do pai. A partir da leitura da carta que Ju deixou para trás, o filme mostra a relação entre os personagens e a dislexia, e como o pai de Ju lida com o problema. O filme é baseado na história de Bruna Fracascio.
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Luisa Venturelli
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CINEMA
2021
SINÔNIMO DE DESMANCHAR
Um dos maiores desafios do ser humano é trabalhar com suas desconexões, suas complexidades e seus reflexos, seja perante si mesmo como perante o mundo. Bruna Fracascio se descobriu disléxica aos 8 anos de idade, sendo vista como aquela que não encaixava nos modelos pré-concebidos ou que não era destaque em nenhuma atividade. A partir de então, começou a desenhar e a pintar. A dislexia e a arte passaram a ser suas companheiras, funcionando como sol e lua de um contínuo processo de aperfeiçoamento. Sobre um fundo estrelado de possibilidades e de sonhos, foi constituindo a sua trajetória, entendendo as potencialidades criativas como aquilo que nos mantêm vivos, propiciando maiores possibilidades de estabelecer conexões com as dificuldades que o mundo apresenta, entendendo-as como potencialidades.
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Oscar D’Ambrosio
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ARTES VISUAIS
2022
ESPÉCIES INVISÍVEIS
A coleção de artes digitais intitulada “Espécies invisíveis” constitui uma jornada pessoal pela fauna e flora brasileiras.
Inicialmente, ocorre a pintura à mão dos elementos visuais escolhidos, com o auxílio de referências fotográficas. Em seguida, ocorre a digitalização, o que permite a posterior manipulação com programas de computador. O resultado apresentado traz justamente essas diversas características, como o diálogo com o real, a transformação das imagens, principalmente pelo uso das cores, e uma visualidade alegre e lúdica, que traz uma mensagem de preservação da natureza.
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Oscar D’Ambrosio
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ARTES VISUAIS
POR
BRUNA
Atualmente minha relação com a dislexia é essencial. Lido com ela com muita gratidão, sinto que se não fosse por ela não seria como sou e nem o que sou, ela faz parte de mim e eu dela. Vejo ela como um presente, que me possibilita imaginar e criar. Desde pequena minha vida foi muito sofrida, existiu muita dor, tive que lidar com grandes problemas. Não tive uma infância plena e colorida, não tive espaço para me desenvolver como artista nem tive referências para isso. Mas uma coisa que tinha de sobra era imaginação - me lembro de estar na mecânica do meu pai e brincar com as borrachas que seguravam os escapamentos. Para mim, cada um tinha a forma de um animal diferente. As ferramentas viraram árvores e o extrator de grampo era um jacaré. A minha imaginação e meu jeito de ver o mundo de me salvaram de muitos acontecimentos tristes. Quando a situação não era boa, imaginava situações improváveis.