TIAGO CAMPOS
Tiago vive em Mairiporã, interior de São Paulo e busca abordar questões de cunho social, político e econômicos em sua produção.
A descoberta da dislexia aconteceu já adulto e trouxe a compreensão de questionamentos e comportamentos de toda uma vida, principalmente em relação ao processo criativo.
2021
SORRIA!
O artista plástico Tiago Campos não se imaginava disléxico. Somente mais tarde deu maior atenção a algumas características que sempre o acompanharam. Suas imagens mergulham em diversos aspectos da sociedade. “Artefato Explosivo”, confeccionado sobre suporte reaproveitado e emoldurado, remete ao preconceito sofrido pelo negro e morador de rua Rafael Braga, preso por portar uma garrafa contendo desinfetante sob a acusação que usaria o líquido para produzir materiais explosivos. ”Sorria!” ironiza a vigilância constante a que estamos sujeitos, perdendo a privacidade, tanto fisicamente, via imagens, como pelo rastreamento de dados nas redes sociais. “Balonismo” enfoca, com beleza e sutileza o sentimento de ausência de futuro nacional, com a simbólica imagem de um balão flutuando à deriva em um cenário vazio, sem poder imaginar qual pode ser o seu futuro.
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Oscar D’Ambrosio
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ARTES VISUAIS
2022
SABIÁ LARANJEIRA
A delicadeza da natureza surge nessa obra como uma afirmação de como a aparente simplicidade traz em si mesma uma enorme densidade. Representar um ser vivo sempre é um exercício de humildade, porque demanda buscar um conhecimento de si mesmo no sentido de aprofundar o diálogo entre a emoção, a técnica e a criatividade para obter o efeito desejado.
Pintar um pássaro significa não somente entender a mecânica dele, mas também mergulhar nas maneiras que ele se relaciona com o espaço. O conjunto ganha força quando existe esse raciocínio visual que leva a um diálogo entre aquilo que se escolhe pintar e aquilo que o cerca.
Ocorre assim um fortalecimento da arte como uma inteligência plástica a desvendar o mundo.
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Oscar D’Ambrosio
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ARTES VISUAIS
2023
PLANO FEDERAL DE IMUNIZAÇÃO: O BRASIL NA PANDEMIA DE COVID-19
A pintura realiza uma crítica silenciosa e contundente da falta de empenho do governo federal na divulgação dos benefícios da vacinação durante a pandemia de Covid-19. A utilização de uma paleta regida pelo cinza instaura uma atmosfera caracterizada pelo sentimento de pesar e de luto. O frasco quebrado acentua a ideia de que vidas foram perdidas nesse processo – e elas jamais serão recuperadas tanto na esfera física como psicológica.
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Oscar D’Ambrosio
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ARTES VISUAIS
2024
SEM TÍTULO
A imagem de uma figura feminina olhando para o celular constitui um retrato da sociedade contemporânea, em que os elos entre as pessoas se dão cada vez mais por meios virtuais. Não se trata de colocar juízos de valor, ou seja, estabelecer se isso é melhor ou pior do que era no passado, mas de ter a percepção de como a comunicação virtual gera uma ebulição de relações que, por exemplo, faz repensar a geografia física e emocional. Permite, por exemplo, uma heterogeneidade mais ampla de contatos. Ao mesmo tempo, fragmenta diálogos e pode truncar conversas, gerando uma sensação de que se está a viver em um imenso vazio nas relações internas e com os outros.
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Oscar D’Ambrosio
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ARTES VISUAIS
POR
TIAGO
Minha dislexia é uma comorbidade do transtorno do espectro autista (TEA). Apesar de ela sempre me acompanhar, apenas após adulto tive o conhecimento de tal comorbidade, o que fez com que muitos questionamentos e comportamentos fossem compreendidos, principalmente no que diz respeito aos processos de criação artística.
Dentro das artes, minhas produções sempre buscaram trazer temáticas que abordassem questões de cunho social, econômico e político, principalmente com relação ao racismo e demais formas de discriminação, sendo a maioria dos trabalhos construídos com técnicas de pintura e de algumas modalidades da arte de rua como o graffiti e o stencil.
Acredito que tanto a dislexia quanto o TEA influenciam diretamente em minhas produções, entretanto, se isso é algo bom ou ruim, talvez jamais saberei.